quinta-feira, 5 de setembro de 2013



 

Universo cantor,
dançarino, plástico artista...
Esse filho teu vos saúda
no ventre da princesa
manhã ainda nascente
com seu corpo
feito de flores
em formato de mariposa

Um dia pleno,
um dia plano,
uma aurora para cada habitante,
um horizonte de águias,
muitas girafas,
bilhões de naves
iluminadas por pirilampos,
estrelas cadentes sobre vossa pele...
guiada pelas corujas
e os sagrados elefantes

Você na garganta poderosa do elefante,
o elefante em tua garganta: marfim-corpo-tromba:
nessa baixa alta hora, nesse vago e acachapado dia,
nessa hora onde não morro nem nasço,
nesse colosso, nessa astúcia,
nesse punhado de grãos ofativos,
grãos esses que nos atraem
porque o atrair contém os pincéis de Vénus
e as canduras do Cruzeiro do Sul
e do Cruzeiro do Norte

Mais um vez o sapiente elefante ergue suas patas
para apanhar os planetas que andamos cuspindo
pelas paisagens e pelos canteiros,
sobre o alicerce dos olhos do tudo ver

Por sorte possuímos o navio, o vento e a âncora
Por sorte esmagamos as aromáticas ervas
sobre as potencias do fogo parido
pelas asas de pegasus

Debruçado sob os beirais das eras...
sob a pele áspera e felpuda do ancestral paquiderme...
avô-bisavó-tatara-avó...
desses seres que desfolham suas asas orelhas
por dentro da correnteza do que penso

O mamute penetrante do gelo penetra com seus urros
o meu pensar sobre mamutes...
e sei que erro e acerto,
caio, penetro as geleiras de mim mesmo
atado aos cordéis do amor que redigi nas paginas
de meus próprios órgãos no montante da vida única
tramada pelos muitos corpos que usei
para chegar até a esses dias de sol e lua

Tua boca é a sintaxe de todas bocas que beijei,
é a amarela cor da generosa mina
de todas as minhas andanças

Elefantes saídos dos oráculos
baliam sobre a grande roda dourada
de nossas cabeças sententrionais-meridionais,
longe e dentro da chuva, do sol que nunca cansa,
em nossas mãos apanhadoras de frutas tâmaras

Esse é o tempo que se estala, ovo na frigideira,
farnéis de especiarias,
especiarias essas, que divido com você,
sonoro rei,
sonora rainha da dinastia das orquídeas
e das rosas
que nunca somem na transparência das coisas
que somem

Se sumo aqui,
apareço no esfera de brilhantes que ora oscila
em teu pescoço

Vencendo estradas,
escudos de espinhos
por minha própria vontade arquitetados

Sou o homem poeta esticado no eixo da Terra,
no eixo da via láctea...
para que você e as milhares de ervas
sirvam de ninho para os pássaros e para os insetos
que arrastam as estações
em suas patas cobertas de polem,
nectares e relâmpagos

O amor que trago por ti penetra as densas nuvens
e as arestas das intransponíveis muralhas
que há muito impediam a chegada do valente vento

Você nua, cercada, coberta de margaridas e e girassóis,
ouro branco,
lençóis de seda importa de nações africanas,
de estrelas longínquas, de beijos inacabáveis

Volto aos elefante e suas sagradas peles
de matéria estelar,
elefantes que trouxeram de dentro da lama, do charco,
do bom e do mal tempo
as pepitas que ora despejo sobre teu rosto,
sobre as camadas tênues de teu ventre âmbar,
almiscar, jasmim, massala...

No centro do centro da Terra
No centro do centro eu você
No centro do falcão que se esparrama
nos contornos da língua quente

(edu planchêz)